domingo, 1 de abril de 2012 5 comentários

Novas rotas e sabores



Mudei. Não consigo acreditar, cegamente, em certas "certezas" como acreditava há 12 anos. Tenho dúvidas! E elas me alimentam na minha caminhada, o meu maná. Deixei de crer em muitas coisas, algumas deixariam qualquer pentecostal de boca aberta, não creio mais e ponto final. Nessa mudança sinto que minha caminhada espiritual é mais sincera, verdadeira. Sem medo algum de ir "queimar no inferno" ou sem qualquer esperança de ser recompensado. Quero viver, quero a beleza e a poesia, quero o prazer, o vinho e a melancolia. Quero a felicidade em cada momento de distração.

Tenho acordado em processo de metamorfose interior intensa. Toda manhã meu corpo está envolto aos requícios do casulo onde meus tecidos teológicos são destruídos de dentro para fora, o que seria de mim sem a histólise. A cada raiar do sol uma nova chance, para um novo vôo. E a cada vôo uma visão do horizonte jamais apreciada, uma nova flor na qual eu pousarei.

 Aventuro-me a cada descoberta. Novas fragrâncias, novos olhares e amores, novas incertezas e temores. Os sabores antigos já não excitam meu paladar, a culinária de outrora já não mata a vivaz fome do meu ser. Quero novos sabores, quero esbaldar-me das frutas afrodisíacas da paz, do amor e do conhecimento, quero o corpo de Cristo. Quero da bebida que embriague a alma de poesia, sensibilidade e ousadia, quero a água viva, quero o sangue de Cristo.

“O homem é aquilo que ele come”. Afirmava Feuerbach.

Mudar o que se come é mudar o homem, voar por novas rotas é torna-se livre. Temos medo da mudança, da metamorfose, tememos a dúvida para nos agarramos à fé. Não creio no deus criador de pássaros enjaulados e que corta suas assas por um simples capricho. Creio no Deus criador dos mais belos pássaros, de suas penas coloridas que se misturam com o azul do céu nos vôos mais distantes. 

O medo de errar o caminho aflige o coração de muitos, não viver tornou-se o caminho mais seguro. O credo de que a rota está traçada cega as curvas que a vida oferece, temem-se as bifurcações, se cegam para as estradas paralelas, assustam-se com os cruzamentos movimentados.

Sem medo de errar sigo para o próximo passo, para novas curvas e vôos. Sem importar o caminho sei que o final será nos Teus braços.
Acordarei saindo de um novo casulo, só a verdade me libertará. 
 
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